domingo, 2 de outubro de 2011

Vamos conhecer um pouco mais sobre a arte do Origami ?

Origami


Transformar uma simples folha de papel numa flor, animal, balão ou qualquer outro objeto de forma tridimensional, é um momento mágico do origami, a milenar arte oriental da dobradura de papel. Mas além da beleza do trabalho, que gratifica quem faz e quem vê, o origami traz em sua essência uma grande filosofia de vida. “No origami a primeira dobradura deve ser muito bem feita, para que o papel possa ficar em pé. Assim também é na vida. As crianças devem receber uma boa educação pois se não têm uma boa estrutura não conseguem parar em pé”, ensina Kazuko Horiuchi, professora de origami.
Ao mesmo tempo em que as folhas de papéis começam a se transformar em objetos tridimensionais, as crianças assimilam a filosofia do origami. Aprendem, por exemplo, que no origami é preciso fazer o orimetadashitô – que significa dobrar certo. Assim, quem fizer uma dobradura firme e bela será uma pessoa respeitável, de confiança e disciplinada. “Dobrar o papel parece um ato extremamente simples, mas este simples movimento na realidade nos fornece uma grande alegria que invade nossa alma”, costuma dizer o origamista Kunihiko Kasahara.
No origami se aprende a respeitar uma folha de papel. Explica-se esta atitude através da mentalidade oriental, que não tolera o desperdício. Inclusive um dos maiores ditados populares no Japão é “não se pode desperdiçar nem uma folha de papel”. Daí se vê que os japoneses tratam uma folha de papel como uma preciosidade.
Para os nipônicos, o papel tem tanta importância que a palavra é a mesma que Deus: Kami. Mas, apesar da palavra ser igual, os ideogramas são diferentes. Isto porque, na época da invenção do papel, há cerca de 2.000 anos, o papel era uma preciosidade. “As primeiras dobraduras eram simbólicas e eram oferecidas aos deuses”. Segundo historiadores, na era Kodai, que antecede a era medieval japonesa, o Estado e a religião eram unos e o origami era empregado em ocasiões como coroações e casamentos.
O origami se tornou mais popular a partir da era Heian (794 a 1192) e atingiu seu auge no período Muromachi (1338-1392) quando foram criados cerca de 70 tipos de dobraduras. Mas foi a partir de 1868, na era Meiji, que esta arte começou a fazer parte do currículum escolar das crianças. Quando começaram a surgir os papéis coloridos, na era Taisho (1912 a 1926) é que se difundiu ainda mais os origamis recreativos e educativos.
No origami é possível se acrescentar som, movimento e volume e, com isto sua beleza ganha valor sendo enfocada como utilitário: pássaros que batem asas, rãs que saltam, uma vaso de forma inusitada ou qualquer outro objeto. Hoje o origami tem sido muito utilizado no ensino básico da geometria. Esta arte também possibilita desenvolver a capacidade motora e criativa do indivíduo. Atualmente existem os mais variados tipos de origami.
Semba Tsuru
Desde a antigüidade o tsuru (garça) ocupa um lugar privilegiado no mundo do origami. Sua confecção proporciona um momento de magia, pois um plano quadrado se consegue transformar em um objeto de arte elegante pois embora de linhas finas, o tsuru tem base sólida, sem vão, e está sempre em postura de alerta, que manifesta sua infinita majestade.
Como o tsuru simboliza a paz, sorte e longevidade, fazer mil origamis de tsuru, o chamado semba tsuru, significa um desejo a ser realizado: a recuperação do doente, a felicidade do casamento, a obtenção de um emprego. E até hoje, por causa desta crença, quando se pretende conseguir um objetivo os japoneses costumam fazer semba tsuru e ao final dos mil tsurus, o desejo costuma ser realizado.
Uma das histórias mais famosas de semba tsuru aconteceu em Hiroshima, em 1945. A menina Sadako Sasaki, tinha 2 anos, quando os americanos lançaram sobre sua cidade, a primeira bomba atômica. Quase tudo foi destruído e arrasado pelo fogo mas Sadako, que se encontrava a 2 km do local da explosão, aparentemente nada sofreu.
Até os 12 anos ela era uma menina alegre, normal e freqüentava uma escola do bairro. Uma das coisas que mais gostava de fazer era correr e um dia, depois de participar de uma corrida, sentiu-se cansada e teve tontura. Na semana seguinte as tonturas voltaram mas ela não disse nada a ninguém.
Certa manhã, sentiu-se muito mal e foi levada para um hospital da Cruz Vermelha, onde descobriram que estava com leucemia. Na época a leucemia estava sendo chamada de "doença da bomba atômica" e muitas crianças que apresentavam os sintomas estavam morrendo. Sadako ficou assustada, pois não queria morrer Chizuco, sua melhor amiga, foi visitá-la no hospital levando um papel, com o qual fez uma dobradura de tsuru e contou a Sadako uma lenda: o grou, ave sagrada no Japão, vive mil anos, e se uma pessoa dobra mil grous de papel, fica curada.
Sadako resolveu fazer os mil grous. Lentamente ela dobrava os grous, apesar da leucemia que a enfraquecia. Ainda que não melhorasse, prosseguia e conseguiu terminar as mil aves de papel. Sem ficar zangada ou entregar-se, resolveu fazer mais. Todos acompanhavam sua determinação e paciência até que, em 25 de outubro de 1955, rodeada por sua família, ela montou seu último grou e faleceu.
Tristes, seus amigos, quiseram fazer alguma coisa. Assim, 39 dos seus colegas de classe resolveram formar um clube e arrecadar dinheiro para construir um monumento em memória de Sadako e de todas as outras crianças. Alunos de 3.100 escolas japonesas e de nove outros países fizeram doações. Em 5 de maio de 1958 conseguiram dinheiro suficiente para a construção do monumento, que foi chamado Monumento das Crianças à Paz, e colocado no Parque da Paz, no centro de Hiroshima, exatamente onde havia caído a bomba.
Nele está gravado:
"este é o nosso grito
esta é a nossa prece
construir a paz no mundo que é nosso."

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